1143, Dezembro, 13.
[Carta Claves Regni de D. Afonso Henriques dirigida ao Papa Lúcio II].


Sabendo que a S. Pedro foram concedidas por Nosso Senhor Jesus Cristo as chaves do reino do Céu, decidi tomar o mesmo apóstolo como Padroeiro e advogado, para que nas dificuldades da vida presente possa experimentar o seu auxílio e conselho, e por seus méritos venha a alcançar os prémios da eterna bem-aventurança. Por isso, Afonso, por graça de Deus Rei de Portugal, prestei homenagem ao Papa, meu Senhor e Pai, nas mãos do Cardeal diácono D. Guido, Legado da Sé Apostólica. Constituo, pois, a minha terra como censual de S. Pedro e da Santa Igreja de Roma, com o tributo anual de quatro onças de oiro, e disponho que todos quantos, depois da minha morte, obtiverem esta terra, paguem anualmente o mesmo censo a S. Pedro. Como verdadeiro soldado de S. Pedro e do Pontífice Romano, deverei eu ter para mim e para a minha terra, e para o que respeita à sua dignidade e honra, a defesa e auxílio da Sé Apostólica, e nunca serei obrigado a admitir nela o poder e qualquer senhorio eclesiástico ou secular, senão a Santa Sé e dos seus legados. Lavrou-se esta carta de oblação e firmeza, nos idos de Dezembro da era de 1181 [13 Dezembro de 1143]. Eu, Afonso, Rei dos Portugueses, que da melhor vontade mandei fazer esta carta, confirmo-a com a minha própria mão. Eu João, arcebispo de Braga. Confirmo. Eu, Bernardo, bispo de Coimbra, confirmo. Eu, Pedro, bispo do Porto confirmo.


AMARAL, Diogo Freitas – Em que momento se tornou Portugal um País Independente. In 2º Congresso Histórico de Guimarães: A política portuguesa e as suas relações com o exterior. Guimarães: Município de Guimarães, 1996. Vol. 2, 139-181.