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Origem

As Festas Gualterianas, celebradas em honra de São Gualter, realizam-se em Guimarães, desde 1906, altura em que a Associação Comercial de Guimarães tomou a seu cargo a missão de fazer renascer as Feiras Francas de São Gualter.

Acredita-se que a origem das atuais Festas remontam a abril de 1452, altura em que D. Afonso V criou a Feira de Agosto. Esta tinha início no dia 7 de agosto, prolongava-se durante 10 dias e foi dotada de muitas franquias e muitos privilégios.

No reinado de D. Manuel, em 29 de junho 1511, esta feira, que durava 8 dias e tinha inicio a 10 de agosto, passaria a realizar-se entre os dias 15 e 22 desse mês, para que pudesse decorrer em simultâneo com a romagem de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães e a Ascensão da Virgem. A 9 de março de 1526, D. João III, confirma carta de seu pai.

Posteriormente, a transladação das relíquias de S. Gualter, realizada no primeiro domingo de agosto de 1577, fixaria a festa religiosa em honra deste santo e padroeiro de Guimarães para este dia e, por tal motivo, a feira franca teria obedecido a esta mudança.

No início do século XX, as Feiras de S. Gualter realizavam-se com alguma indiferença por parte da população vimaranense e encontravam-se em acentuada decadência.

8-1-5-9 Carta de confirmação de D. João III sobre a feira franca na vila de Guimarães.
1526-03-09
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Festas da Cidade

Em 1906, surgiu por parte da direção da Associação Comercial e Industrial de Guimarães a vontade de fazer renascer esta velha feira. Projetou-se, então, algo novo – as Festas Gualterianas ou as Festas da Cidade.

Desde logo, os vimaranenses procuraram dar-lhe um culto regional de modo a torna-las num atrativo de interesse. Assim, às ornamentações e iluminações deslumbrantes que decoravam a cidade, juntava-se a riqueza coreográfica do folclore regional e a realização dos cortejos inéditos do linho e dos cortejos históricos que contribuíram e muito para dar brilho e destaque às festividades. É nesta altura que Aníbal Vasco Leão compõe o Hino das Gualterianas que logo foi transformado em Hino da Cidade com letra do Padre Roriz.

As Festas Gualterianas e as tradicionais Feiras Francas, vividas sempre com enorme entusiasmo, foram celebradas com enorme vigor quando se associaram à celebração de datas importantes para a cidade e para o país. Em 1940 quando decorreram no âmbito das comemorações do centenário da fundação da nacionalidade e em 1953 quando coincidiram com as celebrações do milenário da cidade. Em 2006 celebraram entusiasticamente os 100 anos de existência.

Ao longo de todos estes anos, e em momentos distintos, foram muitas as instituições responsáveis pela realização das Festas Gualterianas, nomeadamente a Associação Comercial de Guimarães, o Convívio, a Unidade Vimaranense, o Movimento Democrático de Guimarães, a Irmandade de São Gualter e, desde 1988, a Câmara Municipal de Guimarães.

Hino da Cidade de Guimarães ou Hino das Gualterianas

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Música por Aníbal Vasco Leão, letra por Padre Roriz, 1906.
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Letra

Oh! Guimarães, teu progresso tua vida,
É toda a nossa aspiração;
Terra bendita, oh! Pátria querida,
Tens um altar dos fílhos teus no coraçao.
Oh! Guimarães, teu progresso, tua vida
Sim, e toda a nossa aspiração!

(Coro)
A ti ó Pátria!
A ti ó Pátria!
O nosso amor nossa vida e mocidade
Consagramos
Com fervor!
Salvé! Salvé! Oh! Ínclita Cidade

Caminha avante, conquistando a glória
Que os filhos teus prende e seduz
Exibe altiva, oh! Pátria a tua história
Que a mocidade dá amor, vida e luz.
Caminha avante, conquistando a glória
Sim, que os filhos teus prende e seduz.

Iluminações e Ornamentações

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Colecção de fotografias de Manuel de Figueiredo Abreu, 1950-1952 search ver registos

Marcha Milaneza / Marcha Gualteriana

Em 1907, a grande novidade foi a “Marcha Milaneza”, só mais tarde “Marcha Gualteriana” (1932), que encerrou as Feiras Francas de São Gualter, fruto do labor dos empregados comerciais e industriais vimaranenses. A esta iniciativa aderiram artistas plásticos, como Luís de Pina, que transformariam este cortejo num acontecimento singular de figuras articuladas, flores iluminadas e carros deslumbrantes em “que a arte, a fantasia, a luz e o som se consagravam em beleza”.

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Comissão promotora da MARCHA MILANEZA das Festas Gualterianas de 1907

De pé da esquerda para a direita:
Bernardino Gonçalves Barroso, José Machado, Mariano Pinto Leite, Anselmo Dias, José Mendes de Oliveira, Domingos Martins Fernandes, Raul Rocha e António Ferreira.

Sentados da esquerda para a direita:
António José Pereira Rodrigues, Padre Gaspar Roriz, Francisco Costa e Luís de Pina

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Programas da marcha

Fotografias

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Colecção de fotografias de Manuel de Figueiredo Abreu, 1950-1952 search ver registos

Cortejo do Linho

Da cultura do linho, outrora florescente da região do baixo Minho prevaleceram os celebrados “Bordados de Guimarães” e algumas tradições da memória cultural que teimam em preservar velhos teares ainda em uso ou nas roupas folclóricas de algumas tecedeiras. No sentido de recuperar pedagogicamente os fatores culturais que correm o risco de se extinguir, princípios e formas de vida social de comunidade, o cortejo recria a várias fases da transformação do linho.

https://arquivos.rtp.pt/conteudos/cortejo-do-linho-em-guimaraes

Programas

Fotografias

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Coleção de fotografias do AMAP search ver registos

Batalha das Flores

Guimarães teve tradições implantadas no cultivo de flores naturais e arranjos de flores artificiais. Ligada a esta capacidade produtiva e ao sucesso das flores vimaranense, em1909, realiza-se pela primeira vez um inédito desfile de flores, mais tarde conhecido pela Batalha das Flores, caracterizado por um cortejo de carros alegóricos revestidos de flores. Um número muito apreciado e participado pelos vimaranenses.

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Colecção de fotografias de Manuel de Figueiredo Abreu, 1950-1952 search ver registos

Touradas

Os espetáculos taurinos tornaram-se quase obrigatórios em arraias e festas, as “Festas da Cidade” não ficaram indiferentes e logo no programa de 1906 constava uma corrida de touros que veio a realizar-se numa praça existente no Campo do Proposto, nas quais tomaram parte os então afamados cavaleiros Manuel e José Casimiro, respetivamente, pai e filho, naturais de Viseu.

Em 1907 os mesmos cavaleiros vieram a inaugurar a nova praça de Touros construída na Feijoeira. Em 1911 realizaram-se duas corridas de touros, uma vulgar e outra “à antiga portuguesa”. Em 1912 e 1913 não se realizaram corridas de touros, até que em 1914 foi inaugurada uma nova Praça de Touros, na Quintã, sendo os cavaleiros Manuel e José Casimiro.

Entre 1917 e 1937 não se realizaram corridas de touros, estas ressurgiram em 1938 aquando da inauguração de uma nova praça, a que foi dada o nome de João Melo, no Campo da Perdiz, na Atouguia. Assistimos a novo interregno entre 1940 e 1944. Em 1946 voltaram a realizar-se com a presença de José Casimiro.

"O Milagre de Guimarães"

Em 1947, foi construída uma nova praça no campo da Perdiz, por iniciativa do industrial Eduardo Torcato Ribeiro, mas na madrugada de 24 de julho, registou-se um incêndio que a reduziu a cinzas. Foi um contratempo que veio acicatar o bairrismo dos vimaranenses. A sua reconstrução em tempo recorde foi denominado como “O Milagre de Guimarães”.

Video da Cinemateca Portuguesa

Programas das Touradas

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Colecção de fotografias de Manuel de Figueiredo Abreu, 1950-1952 search ver registos

Feiras Francas de São Gualter

Em 1452, o rei Afonso V criou em Guimarães uma feira franca, entre os dias 7 e 17 de agosto, que seria baptizada de Feira de S. Gualter, por coincidir com os festejos que então se faziam ao santo. Mais tarde passou a realizar-se nos dias à volta do primeiro domingo de Agosto, provavelmente em referência à trasladação solene das relíquias do Santo no primeiro de Agosto de 1577. Assim se manteria pelos séculos seguintes.

No século XIX era uma feira especializada em gado cavalar, muar e asinino que tinha lugar no Campo da Feira. Por aqueles anos, a feira decorria durante 3 dias. No segundo (domingo), acontecia a feira propriamente dita, de compra e venda de gado, e o último dia era dedicado à troca de animais. Mais do que uma feira foi-se tornado progressivamente num arraial popular, com barracas onde se comerciavam produtos, mostravam-se curiosidades e vendiam-se rifas.

Com o passar dos tempos uma feira como aquela foi deixando de fazer sentido, pois os compradores eram cada vez menos, bem como os animais. Foram várias as tentativas para a reanimar mas isso só aconteceria em 1906.

Programas das feiras

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Colecção de fotografias de Manuel de Figueiredo Abreu, 1950-1952 search ver registos

Procissão de São Gualter

São Gualter foi um religioso franciscano que chegou a Guimarães nos inícios do séc. XIII, com o intuito de espalhar o Evangelho, tal e qual como o entendia São Francisco de Assis, o fundador desta Ordem mendicante dos Frades Menores. Estabeleceu-se nos arredores da encosta do Monte de Santa Catarina, “junto às águas de um regato”, a Fonte Santa. A devoção a S. Gualter foi crescendo fruto das suas acções, pregações e notícias de milagres operados por este frade menor.

Faleceu, provavelmente, em 1259. A devoção popular e os milagres que lhe foram atribuídos levaram à criação da Irmandade de S. Gualter, em 1577, e à construção de uma capela na igreja do Convento de São Francisco, demolida em 1750 fruto de reformas operadas na igreja. Em 1800 seria novamente edificada.

A partir dos meados do séc. XX, transferiu-se a Irmandade de São Gualter para a Igreja da Real Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, no Largo República do Brasil.

Durante anos foi a partir desta nova morada que se fez sair a Solene Procissão de São Gualter, no primeiro domingo de cada Agosto. Em 2012, a imagem do santo regressou ao convento de São Francisco, mais precisamente à capela dos Condes de Almada, onde foram encontradas ossadas que se julgam pertencer ao padroeiro da cidade de Guimarães.

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Colecção de fotografias de Manuel de Figueiredo Abreu, 1950-1952 search ver registos

Divulgação e Promoção

Festas Gualterianas de 1953 – os festejos coincidiram com as celebrações do milenário da cidade de Guimarães.

O Arquivo Municipal Alfredo Pimenta tem à sua guarda documentos de vários fundos adquiridos, quer por depósito, quer por doação, que retratam os diferentes números que fazem parte das Festas Gualterianas: Tourada, Batalha das Flores, Marcha Gualteriana, entre outros.

Bibliografia
FERNANDES, CÉLIA – As Gualterianas:1906/2008. Guimarães: Oficina, 2009.
Festas Gualterianas. O Conquistador. 28/07/2006

Fontes
https://araduca.blogspot.com/

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